sábado, 20 de fevereiro de 2010

PSOL com perfil fundacional e de combate ao PT não combina com Martiniano

Michel Oliveira - Diretório Nacional do PSOL

Diego Vitello – Executiva Estadual PSOL RS



O primeiro debate entre os pré-candidatos do PSOL, realizado no Rio de Janeiro, foi bastante positivo. Sobretudo, para o amplo setor que defendeu candidatura própria. Assim, de cara, a candidatura de Plínio e de Babá entraram em cena muito fortalecidas. O local escolhido para o evento não poderia ser mais significativo: a sede o SINDSPREV, um dos sindicatos que constrói o Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (CONCLAT), processo no qual o PSOL atua de forma protagonista por meio de sua militância sindical.

Inúmeros textos circulam no partido após o debate, revelando, em especial, a tônica de grande preocupação por parte dos apoiadores da campanha de Martiniano. Fato que se justifica tendo em vista a falta de entusiasmo que recebeu sua pré-candidatura no interior do PSOL. Vários dos ex-aliados do bloco de Robaina/Martiniano/Heloisa, por exemplo, hoje, apóiam Plínio. Caso do Deputado Gianazzi (SP) e de Milton Temer, no Rio de Janeiro. Também se verifica que, mesmo entre a militância de base de suas correntes, há um grande reconhecimento por Babá e seu papel dos tempos iniciais de enfrentamento para construção do partido. Sobressai, o visível desconforto de Martiniano e de seus apoiadores pela derrota política que sofreram na linha de apoiar Marina, aspecto fundamental, a nosso ver. Piorando a situação, Heloisa Helena, após assinar a carta de lançamento de Martiniano, declarou nos jornais que segue apoiando e torcendo por Marina Silva.

Assim, compreendemos a instabilidade no interior da campanha de Martiniano e os motivos que os levam a tentar polemizar, dessa forma, contra Babá e o camarada Plínio. Incluindo certo grau de despolitização. Além de estimularem entre os militantes de suas correntes inverdades e até calúnias, por exemplo, que a CST se liga à direita fascista na Venezuela, o que não vem acompanhado de qualquer fundamentação e só revela a extrema fragilidade política e ideológica dos que a lançaram. Este tema, vamos abordar em breve em outro texto. Porém, desde já chamamos o mais amplo debate político, com base nos fatos da realidade da luta de classes latino-americana, e não em amálgamas infundados, tão semelhantes aos usados ao longo de décadas pelo estalinismo.

Combate ao PT e defesa do projeto fundacional do PSOL com Marina Silva?!?!

No debate do Rio de Janeiro, Martiniano repetiu o que está em sua carta de lançamento: que a política de apoio à Marina Silva do PV é uma continuidade da linha fundacional do PSOL. Nada mais falso.

Apesar de Roberto Robaina dizer que esse debate já está encerrado, a candidatura de Martiniano faz um balanço altamente positivo das negociações com Marina e, pelo visto, pretende repetir essa “tática” em outros momentos. Esse é o motivo que torna fundamental essa discussão em nossa Conferência Eleitoral.

No primeiro debate, Martiniano chegou a ponto de igualar o processo de ruptura do PT em 2005, com a saída de Marina do PT em 2009. Nada mais fora da realidade.

Em 2005, após o mensalão, estivemos diante de um processo de ruptura de esquerda que fortaleceu o PSOL por meio da entrada de inúmeros parlamentares, figuras públicas, tendências e dirigentes do movimento social. Logicamente, trazendo para o PSOL debates sobre o programa e o estatuto de fundação.

Em 2009, assistimos a saída de Marina e do senador Flavio Arns do PT. Os que romperam em 2005 vieram para o PSOL, os de 2009 foram para o PV e para o PSDB!!! Ou seja, não se tratou de uma nova onda de ruptura de esquerda após o PT ter apoiado Sarney no Senado.

Marina Silva, no PT não era de esquerda. Saiu do Ministério reivindicado a política do governo. Saiu do PT dizendo que não romperia com o governo Lula. Reivindica a política econômica de FHC. Em sua gestão no MMA dividiu o IBAMA a serviço das madeireiras e fez o projeto de concessões florestais para privatizar a Amazônia. Sua campanha é financiada por multinacionais como a Pirelli e por empresas que exploram os povos tradicionais da Amazônia, como a Natura. Como combater Lula, Dilma, e a falsa polarização, com uma candidata assumida de perfil Tucano-Petista?

Entregar nosso patrimônio à Marina Silva na eleição 2010 era contra, totalmente contra o projeto fundacional do PSOL. Era contra o combate implacável ao PT. No entanto, ainda hoje Martiniano justifica essa política que, uma vez aplicada, liquidaria de vez o projeto fundacional do PSOL.

Martiniano e Robaina criticam Plínio pelas declarações de que o governo Lula foi melhor que o de FHC. Sem dúvida, é um debate importante, pois a marca do PSOL foi igualar os irmãos siameses, não existindo mal menor, entre o PT e o PSDB. Esse foi um dos motivos pelos quais criticamos os dirigentes do PSOL que votaram em Lula e nos candidatos petistas no segundo turno de 2006. Pelo mesmo motivo seria injustificável o voto de Luciana em Tarso Genro do PT caso haja segundo turno nas eleições de outubro no RS.

Robaina critica Plínio por não assinar suas matérias nos jornais como Psolista. Sem dúvida esse é outro debate importante. Robaina escreve que não aparecer como PSOLISTA “não é próprio da linha fundacional, que tem como marca afirmar o partido, sua sigla, sua capacidade dirigente” (Resposta de Roberto Robaina a Juliano Medeiros). Mas, nos dois casos, Robaina esquece que sua política, juntamente com Martiniano, foi a de NÃO apresentar o PSOL nas eleições 2010. Era de votar no “43” do PV, e não no 50 do PSOL. Essa política, uma vez aplicada, impediria o combate ao PT de Lula e Dilma.

Apoiar Marina, diluir o PSOL no PV, não passa do que Chico de Oliveira classificou de “oportunismo e falta de visão estratégica”. É também resultado da ação de quem não tem vocação para construir um partido de massas com o perfil de fundação do PSOL. A linha foi um desastre que só favoreceu aos nossos adversários, pois só teremos candidato após a Conferência, o que atrapalha nossa política eleitoral.

Vale lembrar que Robaina e Martiniano organizaram um ato com a presença de Heloisa e o delegado Protógenes no Rio de janeiro, onde os materiais de convocação não falavam uma linha contra Lula ou sequer de denúncia do governo.

A pergunta que se impõe ainda é: o que Roberto Robaina e Martiniano dizem da declaração de Heloisa apoiando Marina do PV? Heloisa se dispôs, e isto é o cúmulo de desrespeito às instâncias, a construir o programa de governo de Marina do PV!

Não há como negar que a instabilidade política e ideológica dos líderes desse bloco gera esses fenômenos. Heloisa segue na linha de apoio a Marina, pelos argumentos construídos para justificar essa política no semestre passado. Afirmava-se que a nossa base social se agruparia ao redor do suposto movimento desencadeado por Marina e que não poderíamos nos isolar desse processo. Declarava-se que o maior perigo era a pressão do sectarismo e do propagandismo expresso na política de candidatura própria. E, supostamente, se garantiria nossa independência por meio de nossos candidatos a governador.

Na eleição 2010, o debate central será a Presidência da Republica, ou seja, o projeto nacional que devemos contrapor a Dilma e a Serra. Porém, Robaina o reduzia a uma disputa de estado a estado, ao mesmo tempo em que orientava o apoio nacional ao PV! Ainda mais, Roberto Robaina chegou a escrever que “assim como Heloísa Helena foi a tentativa de quebrar a falsa polarização entre o PT e o PSDB nas eleições 2006, agora Marina Silva terá objetivamente esse papel”. (O panorama do PSOL e a tática eleitoral 2010).

De nossa parte, não aceitamos que exista uma campanha nacional do PSOL paralelamente a uma campanha psolista para Marina/PV em Alagoas ou qualquer outro estado. Seguir apoiando Marina Silva, quando o PSOL terá candidato “não é próprio da linha fundacional, que tem como marca afirmar o partido, sua sigla, sua capacidade dirigente”.

A fundação do PSOL, o combate ao PT e candidatura de Martiniano

Um dos argumentos para a defesa de Martiniano é “desenvolver o trabalho iniciado com a fundação do PSOL” e combater “de forma consequente o PT e Lula”. Nada mais falso.

Quando fundamos o PSOL nosso partido tinha em seu programa e estatuto um claro perfil de classe. Nosso programa de fundação marca firmemente que o PSOL resgata a independência política dos trabalhadores, combate as alianças com os patrões. Nosso estatuto proíbe o financiamento privado das multinacionais.

Esse dois aspectos foram jogados na lata de lixo na campanha de Porto Alegre, dirigida pelo MES. Lá, a companheira Luciana Genro, se aliou ao PV. Pior, recebeu dinheiro da GERDAU, contrariando a posição de todos os demais setores da Executiva Nacional do PSOL. Recebeu dinheiro ainda de outros patrões: a Taurus, a rede Zaffari. Perguntamos se isso é fortalecer o estatuto e programa de fundação do PSOL? Esta é política coerente defendida por Martiniano?

Martiniano defendeu a coligação com o PV em Porto Alegre. O mesmo PV que, no Rio, há vários anos, coliga com o PSDB. O PV que, em São Paulo, está com Serra e Kassab. O PV que foi o último partido a sair do governo Arruda. O PV, fisiológico que, ao mesmo tempo, alia-se com o PT nos estados e nível nacional. Isso nada tem haver com a política fundacional do PSOL.

Ainda sobre a campanha gaúcha, Roberto Robaina e a direção do MES incluíram o Ministro da INjustiça do Governo Lula, o Tarso Genro, no programa eleitoral de Porto Alegre! Isso ajuda a combater o governo?

Não cremos que todo ecletismo teórico de Robaina seja capaz de produzir uma resposta satisfatória para essa pergunta. Mas nesse ponto a palavra está com ele, ainda que o silêncio, nesse caso, fosse o melhor, pois, é impossível combater Lula e o PT, ao lado de Tarso Genro. O mesmo Tarso Genro que assumiu a presidência do PT após o mensalão!

Até agora a justificativa para aparecer na TV com um MINISTRO PETISTA é a frágil desculpa de que Tarso Genro é pai de nossa deputada Luciana Genro. No entanto, não há nenhuma obrigação de que o pai ou mãe da candidata apareça nos programas eleitorais. Se o pai de Luciana Genro fosse do PSDB ligado a Yeda, temos certeza de que não apareceria no programa do PSOL de Porto Alegre. Trata-se de uma opção política. Tarso é ainda um dos poucos dirigentes do PT com peso na população e foi levado para favorecer eleitoralmente Luciana por puro cálculo eleitoral. Nessa pragmática decisão não se levou em conta a necessidade de combater implacavelmente o PT e seus dirigentes que iludem e oprimem o povo.

No entanto, o abandono do projeto de fundação e a desistência de combater o PT são mais profundos. Na campanha, Luciana Genro declarou que Tarso Genro do PT, foi “o melhor prefeito que a cidade já teve”, apoiando explicitamente o modo PETISTA de governar.

Do mesmo modo, como combater o PT e Lula votando em suas candidaturas nas presidências da Câmara e do Senado? Martiniano apoiou a linha errada de nossos parlamentares que, ao invés, de se apresentarem como força política independente, votaram nos candidatos do mensalão e dos atos secretos.

“Sectarismo e dogmatismo” na campanha do Babá...?

Roberto Robaina afirma que a campanha de Babá só sairia fortalecida caso não criticasse Martiniano. Caso se afaste da “linha justa” ditada por ele nossa campanha se anularia. Porta-se assim como se fosse o depositário de toda a “sapiência” da esquerda socialista mundial. Talvez por isso o mau hábito de imputar a outros a responsabilidade pelos desastres que comete. Vide caso do “Delegado do Povo”, quem embalado pelo prestígio do PSOL, foi parar no PCdoB, do governo Lula. Aí, sim, a tática, baseada no impressionismo político, se anulou completamente.

Prossegue em seu texto e declara que a CST é “dogmática e sectária”. Dogmatismo e sectarismo por ser contra que o PSOL receba R$ 100 mil da GERDAU! Dogmatismo e sectarismo por ser contra aliança com Marina do PV de Zequinha Sarney, o PV do Serra e do PSDB do Rio! Dogmatismo e sectarismo por ser contra que o PSOL vote em Aldo Rebelo no Congresso, o mesmo Aldo chefe do congresso do mensalão! Dogmatismo e sectarismo por ser contra que o Ministro da Justiça do GOVERNO LULA, do PT apareça no programa do PSOL!

Sectária e dogmática mesmo, além de auto-proclamatória, é a declaração de Robaina de que “Martiniano, aliás, é o único pré-candidato que percebe a importância de Heloisa Helena” (O debate dos pré-candidatos do PSOL). Um absurdo, pois quase todas as correntes do PSOL defenderam que o melhor nome para 2010 era Heloisa. Ela não é candidata por vontade própria. A direção do MES e do MTL são as únicas que justificam que nossa maior figura pública seja candidata ao Senado de Alagoas, fato que diminui o espaço do PSOL nas eleições.

Com Martiniano, o PSOL vota até no PV

Por meio da análise da prática política dos integrantes da candidatura de Martiniano Cavalcante vimos inúmeros exemplos da rendição à pressão lulista e sua alta popularidade. Em inúmeras situações concretas observamos a receita integral de como não combater o PT e o governo Lula. Eles são protagonistas de exemplos do que não se deve fazer em 2010.

O projeto original, de fundação, foi abandonado por esses dirigentes em nome do eleitoralismo mais pragmático. Com eles o rosto do PSOL seria substituído pela cara do PV. A política de fundação é trocada pela máquina de calcular, pela matemática do tempo de TV e do coeficiente eleitoral.

Comprova-se que o perfil fundacional do PSOL e o combate implacável ao PT não combinam com a campanha de Martiniano.

Para desenvolver esse debate é muito importante a participação da militância nos debates entre os três pré-candidatos. As plenárias de eleição de delegados, assim como as conferências estaduais são também altamente apropriados para isso. Desse modo, politizando nossa militância, mobilizando a base do partido poderemos derrotar essa política de liquidação do PSOL. Esse é o caminho para resgatar de verdade o programa fundacional do PSOL, o PSOL das origens.

O PSOL REJEITA SER “TRIPA” DO BOI BUMBÁ MARANHENSE

O companheiro Kenzo utilizando-se se sua capacidade como escritor, parte da polêmica criada por Caetano Veloso, ao comparar o rebolado de Beyoncé ao sucesso do momento do momento no carnaval baiano, que é o rebolation criado pelo grupo baiano Parangolé, para tentar justificar a INJUSTIFICÁVEL tentativa de um setor da direção do PSOL, composto entre outros, pelo MTL, a corrente de Martiniano e o MES, corrente de Luciana Genro e Roberto Robaina e da qual Kenzo é militante, de apoiar a candidata dos verdes desbotados do PV, Marina Silva. Como muito bem sabe Kenzo, o PV é o Partido do Zequinha Sarney que além de ser o presidente do PV do Maranhão ainda faz parte da executiva nacional do PV.

O que o companheiro Kenzo, fiel dançarino do Carimbó e do Brega, que são nossos ritmos paraenses, tenta esconder com suas palavras é que a tática defendida pelo MES e MTL de que o PSOL apoiasse a candidatura Marina Silva do PV, fiel dançarina dos ritmos neoliberais tocados por FHC e aprofundado por Lula, foi sumariamente derrotada pela militância do P-SOL que garantiu a proposta do lançamento de candidatura própria de nosso partido. O que Kenzo não fala é que a nossa militância não aceitou cumprir o papel de “tripa” do Bumba meu Boi maranhense, personificado na figura do senhor Zequinha Sarney, presidente de PV no Maranhão, por coincidência filho do corrupto pai José Sarney aliado de Lula. Para quem não sabe, “tripa” no boi bumbá é aquele trabalhador que carrega os bois nas costas e faz ele dançar e encantar as platéias. O trabalhador dançarino está sempre oculto e sua arte será aplaudida, mas no final, infelizmente quem vai capitalizar os benefícios políticos e econômicos do espetáculo será o dono do Boi. No Maranhão o dono dos Bois e das boiadas é a oligarquia dos Sarney’s com quem o nosso partido não pode se aliar jamais.

Kenzo afirma em seu artigo: “após encerramento de diálogo com Marina, que recusou ser o contraponto e preferiu apostar num “realinhamento” que una PT e PSDB, proposição coerente programaticamente para ambos, mas que talvez perca a coerência se Marina encarnar a unidade, visto que ela poderia desafinar o tom neoliberal. Por isso, o PSOL busca um candidato que lute sozinho contra os outros quatro e dê ritmo à esquerda em 2010, após a acertada tentativa de atrair Marina para a unidade contra o projeto hegemônico no Brasil, apesar de não ter dado samba”.

O que Kenzo não fala é que, quem recusou ser a candidata representando o contraponto ao PT e ao PSDB nas eleições de 2010, foi a companheira Heloisa Helena, ao não aceitar ser a nossa candidata a Presidência da República, ao decidir se lançar como candidata ao Senado por Alagoas. Decisão por sinal apoiada pelos dirigentes do MÊS para os quais a “conjuntura adversa” não justificaria trocar quatro anos no senado por três meses de campanha! O PSOL, na Frente de esquerda com PSTU e PCB levou a candidatura de Heloísa Helena a atingir mais de sete milhões de brasileiros, justamente porque o PSOL e Heloisa encarnaram nos corações e mentes de milhões o desejo de lutar e derrotar a falsa polarização PT versus PSDB nas últimas eleições presidenciais de 2006. Portanto a candidata natural para os trabalhadores brasileiros, e com potencial de apoio popular que apareciam nas pesquisas desde 2008 com uma média entre 12 a 15% era, sem sombras de dúvida, a companheira Heloisa Helena, o que refletia o contraponto real ao governo Lula e aos seus parceiros do PSDB e seus aliados e cúmplices do PV, PMDB, PTB, PP e outros mais.

Kenzo, seguindo a mesma justificativa do MÊS e do MTL, afirma que foi acertada a tentativa de atrair Marina, “visto que ela poderia desafinar o tom neoliberal” do PT e PSDB. Quando todos sabem que o seu novo partido o PV, foi e continua sendo aliado do PSDB, como também é aliado do PT e faz parte do governo Lula. Como todos sabem também é que a própria Marina sempre se declarou favorável ao Plano Real de FHC e de sua continuidade de aplicação no governo de Lula

Se a companheira Heloisa abriu mão de sua candidatura, o que discordamos e lamentamos, nós saímos à luta em defesa da tese da candidatura própria, em conjunto com os apoiadores da candidatura do companheiro Plínio de Arruda Sampaio. Enquanto isso Heloisa, Luciana, Robaina, Martiniano, o MES e o MTL defendiam a tese de que nossa candidata deveria ser a senadora Marina Silva do PV.

O que mais lamentamos é que a companheira Heloisa, a partir do segundo semestre de 2009 começou a dar declarações favoráveis à candidatura de Marina para a presidência da República, independente de qualquer posição partidária, o que obviamente promoveu uma transferência de milhões de prováveis eleitores de Heloisa para a candidatura de Marina. Por isso se explica que Marina tenha passado de 3% de intenções para 8%.

A direção majoritária aprovou contra os nossos votos, uma comissão para continuar o diálogo com o PV e Marina. Já a primeira reunião realizada em Brasília fracassou, pois quem estava na delegação do PV era logicamente, um dos seus mais importantes dirigentes, Zequinha Sarney. A delegação do PSOL, apavorada e com medo de Heloisa Helena aparecer na foto ao lado de tão sinistra figura, preferiu se esconder e adiar a famosa reunião entre os dois partidos!! Eles mesmos tiveram vergonha de defender sua política “experta” de “alianças amplas”!

Explica-me Kenzo qual o ritmo e o nome desta dança. Já te imaginastes dançando em um palanque em São Luís, o Bumba Meu Boi na companhia do Zequinha.? Ou então qual seria o samba ou o funk que irias dançar ao lado do Cesar Maia do DEM ou do vice do Gabeira que é do PSDB no Rio de Janeiro?.

Em São Paulo imagino que dançarias uma dança fúnebre com o Serra e FHC, ao lado do secretário do PV no governo do PSDB ou uma música dos trapalhões com o Kassab do DEM em companhia do secretário municipal do PV.

Logo após essa reunião o PV lançou a candidatura ao governo do Rio de Janeiro, anunciou que seu vice seria indicado pelo PSDB e o DEM declarou apoio à chapa PV/PSDB. Com essas declarações de Gabeira a direção majoritária do PSOL, demonstrando indignação com a notícia encontrou a justificativa para “encerrar a negociação com o PV”, negociação que nos fatos tinha se encerrado graças à rebelião de setores da direção e da base do partido.

Admira-nos que a direção majoritária desconhecesse que o PV no Rio de Janeiro foi parte do secretariado do Cesar Maia, como hoje faz parte dos governos de Cabral e de Eduardo Paes. Admira-nos ainda mais que a direção majoritária do P-SOL não soubesse que já nas eleições municipais de 2008 o Gabeira teve como vice-prefeito em sua chapa, um membro do PSDB.

Frente a esta realidade, os companheiros do Bloco pró Marina tiveram que se re-localizar e lançaram a pré-candidatura de Martiniano à presidência da república.

Mesmo tendo apoiado e assinado o manifesto em apoio a Martiniano, na mesma semana, a companheira Heloisa deu as seguintes declarações ao site Primeira Edição no dia 26 de janeiro:

“Quero deixar claro que todo o respeito, admiração e amizade que tenho por Marina estão preservadas. Ela é competente, honesta, sensível e absolutamente preparada. Torço muito para que ela seja eleita”. Heloisa ainda afirmou que: “Onde Marina entender que eu posso ajudar, com minha experiência, na construção do programa, vou contribuir, especialmente em segurança pública, saúde e educação” (Primeira Edição do dia 26 de janeiro publicado a partir de Alagoas, sob o título: Heloísa Helena lamenta fim de negociações com o PV)

Espero que a companheira Heloisa já tenha feito autocrítica dessas declarações e que realmente assuma o apoio a candidatura do PSOL que será decidida na Convenção Eleitoral de abril, seja ela qual for: Plínio, Martiniano ou Babá.

Outras das acusações de Martiniano é que a minha candidatura se esconderia por trás de uma postura estridente e sectária pouco compreensível para as amplas massas.

O interessante companheiro Kenzo, é que Martiniano nem sequer foi criativo em seus argumentos. Não esqueça como Heloisa, Luciana, João Fontes e eu fomos tratados em 2003, quando nos enfrentamos, denunciamos e votamos contra da Reforma da Previdência. Lula e Zé Dirceu nos atacavam utilizando as mesmas palavras hoje utilizadas por Martiniano para atacar minha candidatura: estridentes e sectários. Aqui Kenzo, a direção majoritária repetiu o velho ritmo do samba-canção.

Para completar, Kenzo, no seu afã de desacreditar minha candidatura e a do Plínio, afirma: “A impressão é que tanto Babá quanto Plínio teriam o mesmo ritmo, como Byoncé, Parangolé e Psirico”.

Kenzo tem razão quando afirma que tanto Plínio como Babá teríamos o mesmo ritmo. Em que pese a continuar tendo importantes divergências com aspectos da política de Plínio, realmente estivemos no mesmo ritmo num ponto que consideramos FUNDAMENTAL, a defesa da candidatura própria do PSOL, em conjunto com a base partidária. Com certeza também estamos no mesmo ritmo que Plínio para derrotar aqueles que foram contra a candidatura própria e tentaram lançar o PSOL nos braços do PV. Estamos também no mesmo ritmo que Plínio na construção da nova central de trabalhadores a ser criada em junho de 2010 no CONCLAT.

Vamos tratar de outro assunto que nos interessa bastante que é o tal mito dos fundacionais que defendem o PSOL das origens.

Inicialmente iremos analisar mais uma exaltação de Kenzo a seu candidato. Kenzo vai ao ápice do endeusamento de seu grand-mestre quando afirma:

“Martiniano, assim como Heloísa, é mestre na arte de transformar fraqueza em força através da política, como ficou provado na cruzada heróica que coletou 500 mil assinaturas para legalizar o PSOL e sofreu resistência de muitos setores da própria esquerda. Esse núcleo fundador sabe a responsabilidade de construir um partido para dialogar com as massas e não apenas com setores vanguardistas e intelectualidade”.

Menos Kenzo, mais humildade e respeito com os milhares de militantes de todas as correntes que se jogaram com toda garra nas ruas, nos locais de trabalho e estudo para garantirem a heróica coleta de mais de 500 mil assinaturas que permitiu a legalização de nosso partido, em tempo Recorde em 2004. Mas para Kenzo, no afã de enaltecer ainda mais o seu candidato, afirma que os únicos responsáveis pela construção e legalização do PSOL foram Martiniano, Heloisa e o “núcleo fundador”, e que, portanto, são os únicos que tem “a responsabilidade de construir um partido para dialogar com as massas e não apenas com setores vanguardistas e intelectualidade”.

AFINAL QUEM QUER MUDAR A CARA DO PSOL?

Tanto Kenzo, como Martiniano ou Robaina nos acusam de querer impor um perfil antagônico ao que ele teve até agora. Pois bem vamos demonstrar com alguns fatos da realidade, que a direção majoritária é a verdadeira interessada em mudar as características originais de nosso partido, senão vejamos:

Foi justamente a partir das eleições municipais de 2008 que por decisão isolada dos membros da direção majoritária, o PSOL fez alianças com partidos burgueses da base do governo Lula, o que fere de morte os estatutos fundacionais de nosso partido. Você não pode esquecer-se companheiro Kenzo, que nas eleições para a prefeitura de Porto Alegre, os companheiros do MES e do MTL decidiram fazer aliança com o PV de Zequinha Sarney, para apoiar a candidatura da companheira Luciana Genro para prefeita. Como diz o ditado popular: “o hábito do cachimbo deixa a boca torta”. Foi a partir dessa aliança em Porto Alegre, que os companheiros do MES e MTL acharam que seria natural o PSOL fazer aliança com o PV para apoiar a candidatura de Marina Silva do PV.

Mas também foi nas eleições municipais de Porto Alegre de 2008, que os companheiros do MES cometeram outro ataque às bases fundacionais de nosso partido, ao receberem doações para a campanha eleitoral da companheira Luciana Genro, de empresas multinacionais com a GERDAU e a TAURUS.

Qual será o nome do ritmo lançado pelos companheiros nas eleições municipais? Eu diria que o nome mais adequado para esse novo ritmo é entregation, no qual os companheiros rebolaram fora do ritmo para entregar os princípios de fundação do nosso partido. Mas felizmente agora a base partidária reagiu e derrotou a aliança com o PV e jogou na lata do lixo o ritmo do entragation. Temos agora o desafio de impor o verdadeiro ritmo que nossos militantes vão ter orgulho de bailar nas próximas eleições presidenciais: o ritmo de uma forte Frente de Esquerda, com os companheiros do PSTU e PCB, assim, poderemos iniciar e divulgar um ritmo dos trabalhadores, um ritmo que podemos batizar de lutation. Esse ritmo será comandado pelo candidato a ser escolhido na Convenção em abril, e estará presente em todas as greves, em todas as lutas e na campanha eleitoral.

Por tanto companheiro Kenzo, tanto o rebolado da Beyoncé como o rebolation do Psirico, também continuarão a ser dançados pelo povo brasileiro, mas com toda a certeza o ritmo que fará sucesso em 2010 será o lutation, pois com nossas lutas e com nossa campanha eleitoral iremos enfrentar a falsa polarização entre PT e PSDB e a sua linha auxiliar do PV.

VAMOS À LUTA COMPANHEIROS!

A CANDIDATURA PRÓPRIA FOI VITORIOSA!

Babá

Pré-candidato à presidência e membro da direção nacional do PSOL